Esta é a afirmação da jornalista Felicidade Zunguza, que falava numa palestra intitulada, “Mulheres na Media: Desafios e Tendências”, realizada na última quinta-feira na Escola Superior de Jornalismo.
De acordo com a jornalista, as mulheres são usadas como objectos comerciais nas redacções apenas para conquistarem clientes, principalmente nas televisões onde aparecem como pivôs, “Mesmo sendo formadas em jornalismo na sua maioria trabalham simplesmente como apresentadoras de telejornal, elas não vão ao campo, não produzem para os noticiários.”
Para além de ser usada para conquistar clientes, a mulher também é vista como meio para obter certas informações em algumas fontes, muitas vezes é aconselhada a usar seus dotes de mulher para convencer. Zunguza diz que ao se aperceber dessa instrumentalização a mulher deve desistir desse emprego ou tomar uma posição de uma mulher que estudou e mostrar que tem qualidade tal como os homens.
“As mulheres devem existir nas redacções para que ganhem destaque. A mulher jornalista deve saber que o alimento dos jornais não são só os eventos comuns do dia-a-dia, ela deve ter a capacidade de desenvolver uma pauta mediante uma pesquisa de um determinado assunto e debater de forma a convencer da sua importância para entrar no jornal.”
Segundo esta jornalista as mulheres são ofuscadas pelos homens nas redacções porque elas esperam que lhes atribuam pauta para trabalhar, elas não tem iniciativas por isso seus trabalhos são secundários e ficam por último apenas para preencher o jornal.
Telma Cumbe, jornalista e uma das oradoras da palestra, disse que uma das formas da mulher jornalista fugir de constrangimentos como assedio sexual e da secundarização do seu trabalho, é empreender na área digital, buscando apoio para a criação de Blogs ou Websites onde seja capaz de produzir matérias de interesse público e ganhar com isso.
Para além de evitar situações de assédio sexual e outros tipos de descriminação que as mulheres têm enfrentado nas redações, a criação dos websites poderá acabar com o problema de desemprego encarado pelas mulheres formadas em jornalismo.
Cumbe é dona de um Website denominado “ M de Mulher” e falou da rapidez e instantaneidade como vantagens dos websites em relação aos outros canais de divulgação de informações e da necessidade da mulher se esforçar para produzir com qualidade por forma a expandir seu trabalho e garantir seu auto emprego.
A jornalista falou do movimento “Nkazy”, que significa Mulher, uma iniciativa criada por um grupo de 12 mulheres, jornalistas, apresentadoras de programas, produtoras e gestoras de conteúdos que tem como objectivo, a produção e divulgação de matérias sobre a mulher porque se aperceberam da escassez de informações ligadas a mulher em vários órgãos de comunicação social nacionais.
Nkazy também prepara estudantes de jornalismo para o mercado de trabalho, em matérias de televisão, radio e media digital. “As estudantes devem saber desde cedo que a sua qualidade como profissionais não está na instituição onde são formadas e sim na capacidade de aplicação do conhecimento obtido da melhor forma e o Nkazy ajuda essas futuras profissionais a saberem trabalhar com diferentes plataformas para ultrapassar os estereótipos que as mulheres tem sofrido na media”, concluiu.