“O ano de 2018 foi marcado pelo aumento da viola;’ao de liberdade de imprensa em todo o país. O início do ciclo eleitoral, as crises político-militar e económica foram os principais factores que contribuíram para minar a liberdade de imprensa. Comparativamente ao ano de 2017, o MISA registou, em 2018, um aumento dos casos reportados, de 21 para 23. Muitos dos casos são relacionados com a detenção e confiscação de equipamentos de trabalho aos jornalistas. As províncias de Maputo, Tete e Nampula foram as que maior preocupação do MISA concentraram devido a ameaças, agressões e assaltos em órgãos de comunicação social”.
Contratação de Consultor para formação em matérias de segurança para jornalistas
CEC, em parceria com o SNJ e o MISA, lança Relatório de Monitoria da Cobertura Jornalística nas Eleições para o Conselhos Autárquicos 2018
Revista Comunicação e Sociedade 2016
CEC lança livro sobre Direitos Humanos e a Imprensa nos PALOP
Da autoria de Luca Bussotti, Miguel de Barros, Gilson Lázaro e Redy Lima, o livro “Os Direitos Humanos e a Imprensa nos PALOP – Uma análise comparativa à cobertura da Imprensa sobre os Direitos Humanos” foi lançando no dia 27 de Fevereiro de 2019 na Guiné Bissau e é o terceiro da Colecção Comunicação e Sociedade, criada, pelo CEC, com objectivo de promover as publicações de pesquisadores nacionais e sobre temas ligados à comunicação e sociedade.
Com esta colecção, o CEC pretende dar o seu contributo na construção de um debate e de um pensamento sistematizado sobre o lugar e o papel da comunicação em Moçambique, assim como abrir mais espaços de publicação de trabalhos relevantes, para além da sua Revista Anual.
O livro apresenta o primeiro estudo comparado entre os PALOP (salvo São Tomé e Príncipe) sobre a cobertura da imprensa escrita a respeito da violação dos direitos humanos por parte do Estado. Trata-se de uma pesquisa desenvolvida graças a um financiamento do CODESRIA de Dakar, em que os investigadores aplicaram uma nova metodologia, cruzando análises históricas, análise de conteúdo, entrevistas semi-estruturadas para perceber o tipo de cobertura e de linha editorial de cada órgão considerado.
O assunto abordado é extremamente actual, pois em todos países objecto de investigação, o Estado, além (e por vezes ao invés) de proteger os cidadãos, se transforma no primeiro violador dos direitos mais fundamentais destes.
Com efeito, apesar de existir especificidades nacionais, é possível concluir que a imprensa faz uma cobertura ainda pouco sistemática das violações dos direitos humanos por parte do Estado (e nomeadamente da política e das forças da ordem e segurança públicas), não havendo registado nenhum caso de jornais com uma linha editorial explícita e comprometida para com tal assunto. Existe também uma diferenciação bastante evidente entre imprensa privada e pública, uma vez que a segunda tende a proteger e encobertar mais acções do Estado em violação dos cidadãos de que a tutelar as prerrogativas básicas dos violados, respondendo a uma agenda política clara e que influi directamente na linha editorial.
Repórteres Estagiárias para o projecto sobre Equidade de Género e Justiça Social (Media Femme)
4 Vagas[1] (2 para Jornalismo Impresso e 2 para Jornalismo Televisivo)
[1]Apenas para mulheres
Sobre o CEC – Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação
O Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (CEC) é uma organização fundada em Novembro de 2010, em Moçambique. O seu objectivo é dinamizar a investigação na área da comunicação social, bem como a promoção do intercâmbio entre os órgãos de comunicação, as instituições de formação e os profissionais de comunicação para garantir uma maior contribuição dos seus profissionais na resolução dos diversos problemas que o país enfrenta.
A missão do CEC é produzir conhecimentos na área de comunicação social que contribuam para o desenvolvimento da sociedade, tendo uma visão de um país onde a pesquisa e a formação em comunicação social contribuam para o desenvolvimento das diversas esferas.
Contexto
O CEC está a levar a cabo, desde 2016, uma iniciativa de formação da mulher jornalista comprometida com a justiça social em prol da mulher, criança e equidade de género, através de áreas de actuação como a Pesquisa, Formação/Capacitação em campo, Laboratório Mulher (Rádio, Jornal e TV), Advocacia e Lobby, Empresa Social.
O Projecto Equidade de Género e Justiça Social tem como objectivos:
- Contribuir para a disponibilização de informação científica actualizada sobre acesso à informação e ao mercado jornalístico pelas mulheres e a abordagem da imprensa sobre os assuntos relacionados com justiça social com enfoque para a mulher e criança;
- Preparar mulheres jornalistas para o mercado de emprego com consciência sobre o seu papel de educação da sociedade em prol da justiça social e do género;
- Contribuir para o aumento e melhoria da qualidade das matérias sobre a mulher na comunicação social e trazer ao conhecimento do público informações sobre a mulher e criança, como forma de contribuir para a justiça social;
- Criar uma plataforma jornalística que sirva de laboratório para as futuras mulheres jornalistas iniciarem o seu trabalho profissional;
- Contribuir para a existência de um espaço-modelo e sustentável onde o exercício de jornalismo advoga e transmite à sociedade os valores de justiça social, bem-estar da criança e serve de modelo para o empreendedorismo feminino na comunicação social.
Natureza do trabalho
No âmbito da implementação do projecto Media Femme, com enfoque para Comunicação Equidade de Género e Justiça Social, o CEC pretende produzir artigos jornalísticos de profundidade sobre a mulher, a criança e justiça social.
Deste modo, para o ano de 2019, CEC prevê produzir, nesses oito meses de trabalho, um total de vinte e quatro (24) artigos noticiosos, das quais dezasseis (16) reportagens escritas e oito (08) televisivas, que serão publicadas na página Web do CEC/Media Femme, podendo ser, os artigos, cedidos para órgãos de informação interessados.
Objectivo do Estágio
- Apresentar propostas de reportagens devidamente fundamentadas;
- Recolher e redigir informações com base em técnicas jornalísticas;
- Auxiliar na parte técnica durante a produção das matérias (fotografias e vídeos);
- Produzir reportagens de qualidade e originalidade em coordenação com o CEC;
- Garantir a publicação dos seus artigos na plataforma on-line do Media Femme: http://www.cec.org.mz/index.php/pt/mediafemme e do CEC ww.cec.org.mz.
Duração
Oito (08) meses, a contar a partir de 1 deAbril até 31 de Dezembro de 2019, devendo cada estagiária efectuar a entrega do trabalho finalizado ao CEC nos termos a serem acordados no momento da contratação.
Perfil das Estagiárias
- Formação em Jornalismo ou áreas afins;
- Conhecimento teórico, técnico e prático sobre fotográfica, imprensa escrita, e televisiva;
- Capacidade e experiências em conduzir entrevistas;
- Experiência comprovada na produção de reportagens relevantes para projecto é uma vantagem;
- Fortes habilidades interpessoais e de comunicação.
Condições de candidatura
As interessadas deverão enviar um e-mail com o titilo “Repórter Estagiária para Media Femme”, no campo de assunto e indicar se é para jornalismo impresso ou televisivo para o seguinte endereço: info@cec.org.mz,descrevendo sua motivação e o seu Curriculum Vitae. As candidaturas devem ser enviadas até ao dia 20 de Março de 2019. Apenas candidatas seleccionadas serão contactadas.
Contratação de assistente estagiária para administração e finanças
Sobre o Centro de Estudos interdisciplinares de Comunicação-CEC
O Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (CEC) é uma organização fundada em Novembro de 2010, em Moçambique. O seu objectivo é dinamizar a investigação na área da comunicação social, bem como a promoção do intercâmbio entre os órgãos de comunicação, as instituições de formação e os profissionais de comunicação para garantir uma maior contribuição dos seus profissionais na resolução dos diversos problemas que o país enfrenta.
A missão do CEC é produzir conhecimentos na área de comunicação social que contribuam para o desenvolvimento da sociedade, tendo uma visão de um país onde a pesquisa e a formação em comunicação social contribuam para o desenvolvimento das diversas esferas.
O CEC está a recrutar uma estagiária de administração e finanças com o objectivo de prestar apoio administrativo nas áreas de gestão do escritório, logística, compras, transporte, finanças e recursos humanos.
FUNÇÕES
Finanças
- Assegurar que os justificativos das despesas realizadas tenham um suporte de documentos pertinentes previstos no Manual de Procedimentos (carta de pedido de cotação, cotações e mapa de comparação, pedidos de autorização da despesa e do cheque, guia de entrada, factura e recibo, etc.)
- Elaborar os relatórios mensais em coordenação com a oficial de administração e finanças
- Conferir a correspondência/coerência entre a requisição da actividade, mapa de comparação de cotações e guia de entrada de mercadorias antes de processar qualquer pagamento
Administração
- Estabelecer e manter uma base de dados de potenciais fornecedores dos bens e serviços mais procurados no âmbito das actividades desenvolvidas pelo CEC
- Prestar apoio na gestão dos recursos da organização e na gestão interna do escritório
- Fornecer suporte administrativo à equipa do projecto no escritório provincial
- Colectar e envia, incluindo o seu, os timesheets e mapas de efectividade para o oficial de administração e para a directora executiva
- Colaborar na execução de outras tarefas que lhe forem incumbidas
- Prestar apoio na selecção de fornecedores assim como preparação de contratos de fornecimento de bens e serviços, garantindo a transparência e isenção nas suas intervenções
- Gerir o sistema de arquivo geral dos processos de aquisição de bens e serviços, assim como doutra documentação inerente à área de procurement
- Interagir com os fornecedores e desenvolver o conhecimento do mercado de bens e serviços, verificando as condições de fornecimento assim como a razoabilidade dos preços praticados
- Organizar os processos de pagamento das facturas dos fornecedores, respeitando os prazos e outras formalidades aplicáveis para o efeito
- Inspeccionar a qualidade dos bens ou serviços fornecidos, de acordos com as especificações dos requisitantes, assim como clarificar e/ou corrigir quaisquer discrepâncias que se verificarem
- Gerir e coordenar a requisição de material administrativo e de economato
- Gerir as chamadas de forma eficiente assegurando que as mesmas são feitas atempadamente, mantendo o seu registo
- Manter o registo actulizado de correpondencia devidamente identificada no livro de entrada e saida de correpondência
- Realizar actividades voltadas para a gestão diária do escritório e seu pleno funcionamento
- Controlar o stock de consumíveis do escritório e requisitar a sua compra sempre que necessário e em coordenação com o Oficial de Logistica
- Distribuir os consumíveis do escritório por cada departamento ou trabalhador mediante as necessidades
- Assegurar a manutenção do equipamento quando necessário e semestralmente no caso de extintores de fogo, ar condicionados e outros materiais
- Apoiar a logistica na obtenção de cotações sempre que solicitada
- Adquirir bens e serviços e apoiar logisticamente a realização de eventos e reuniões, bem como viagem para os colaboradores sempre que solicitado
- Colectar e registrar todas as informações relevantes para fins de efectividade mensalmente
- Organizar a documentação, tanto em formato físico assim como digital
REQUISITOS
- No mínimo, curso técnico ou superior em contabilidade, finanças, administração de empresas ou cursos afins.
- Proficiência no uso de Microsoft Office (MS Word, MS Excel, MS PowerPoint e MS Access) e e-mail
- Bons conhecimentos da prática contabilística, políticas e procedimentos
- Domínio das linguas portuguesa falada e escrita
CONDIÇÕES DE CANDIDATURA
O(a)s interessado(a)s devem enviar um e-mail com as palavras “estágio assistente para administração e finanças” escritas no campo de assunto, para info@cec.org.mzdescrevendo sua motivação em máximo de meia página, um CV de máximo duas páginas e indicação de duas referências. As candidaturas devem ser enviadas até ao dia 25 de Março de 2019. Apenas o(a)s candidato(a)s elegíveis serão contactado(a)s. O período de contratação é de 8 meses (Abril à Novembro). Exige-se uma dedicação integral.
- Local: Maputo, escritórios do CEC, Rua Sociedade de Estudos n.112;
- Prazo para candidatura: 25 de Março de 2019;
- Data de início de actividade: 01 de Abril;
Procura-se web ou graphic designer. Estágio
Contratação de estagiário Designer gráfico/web e gestor de redes sociais
Sobre o CEC-Centro de Estudos interdisciplinares de Comunicação
O Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (CEC) é uma organização fundada em Novembro de 2010, em Moçambique. O seu objectivo é dinamizar a investigação na área da comunicação social, bem como a promoção do intercâmbio entre os órgãos de comunicação, as instituições de formação e os profissionais de comunicação para garantir uma maior contribuição dos seus profissionais na resolução dos diversos problemas que o país enfrenta.
A missão do CEC é produzir conhecimentos na área de comunicação social que contribuam para o desenvolvimento da sociedade, tendo uma visão de um país onde a pesquisa e a formação em comunicação social contribuam para o desenvolvimento das diversas esferas.
Com vista a prosseguir com o seu trabalho de comunicação externa, o CEC pretende contratar para um estágio, um designer gráfico, web e gestor de redes sociais.
FUNÇÕES
Produzir conteúdos para website da organização, redes sociais e newsletters, para suportes web, vídeo e impressão
Criar e gerir campanhas publicitárias
Desenhar gráficos, animações e manipular fotos digitais
Dinamizar e actualizar conteúdos em diferentes plataformas digitais
Produzir Newslleters
Criar apresentações audio-visuais
Design de catálogos, flyers e outros documentos de divulgação
Editar vídeos
Editar fotografias
Criar projectos maquetes de design
Analisar o desempenho das campanhas publicitárias nas diversas plataformas e efectuar ajustes de forma a maximizar o desempenho
Gestão
Gerir a página web e as redes sociais
Gerir suporte fotográfico das acções e tratamento de imagem
Proceder com a gestão e classificação preliminar das solicitações nas redes sociais
Incorporar padrões de design de interface do usuário através do site , conforme o necessário
Manter/actualizar a página web
Actuar com foco em desenvolvimento web, folder e criação de emails.
REQUISITOS
Licenciatura (concluído ou finalista) em design, educação visual, marketing, engenharia informática ou equivalente
Domínio das ferramentas Adobe (Illustrator,Indesign, Photoshop, Premier, After effects, Muse), Core Draw,
Conhecimentos em HTML e CSS
Criatividade, dinamismo e versatilidade
Capacidade de planear, gerir e priorizar tarefas
Capacidade de resolução de problemas
Capacidade para trabalhar sob pressão
Capacidade de redação e edição online
Alto sentido de responsabilidade
CONDIÇÕES DE CANDIDATURA
Os interessados deverão enviar um e-mail com as palavras Designer gráfico/wer e gestor de redes sociais estagiários para o CEC, escritas no campo de assunto, para o info@cec.org.mz ou para gnhapulo@cec.org.mz descrevendo sua motivação num máximo de meia página word, um CV no máximo de duas páginas e indicação de duas referências. As candidaturas devem ser enviadas até ao dia 05 de Março de 2019. Apenas os candidatos elegíveis serão contactados. O período de contratação é de sete meses (Março à Novembro).
Local: Maputo, escritórios do CEC;
Prazo para candidatura: 05 de Março;
Tipo de Contrato: estágio
Data de início de actividade: 15 de Março;
“Sempre mandam-nos aguardarˮ Mães de filhos com necessidades especiais enfrentam dificuldades no acesso à educação
Um dos maiores desafios que Moçambique enfrenta é o acesso à educação, tendo em conta que mais de 40% da população é analfabeta, este desafio agrava-se quando se trata de pessoas com Necessidades Educativas Especiais, uma condição que não só afecta as a elas, mas também as suas famílias que se vêm obrigadas a travar uma luta diária para conseguir autonomia dos filhos e garantir melhor qualidade de vida.
De acordo com dados fornecidos pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), existem em Moçambique 164.876 crianças e jovens com algum tipo de deficiência, dos quais 103.276 são menores de 14 anos e apenas 47,6% dessas crianças estão no ensino primário e secundário. Apesar de o Ministério ter estratégias com vista a criar condições necessárias para a educação inclusiva e desenvolvimento das crianças com deficiência, ainda existem muitas famílias que têm filhos com alguma necessidade educativa especial, que nunca frequentaram a escola. Este é o caso de Joaninha (17), a quarta de um total de sete filhos da dona Rosa Salama (47).
Rosa Salama conta que aos dois anos, a filha começou a adoecer com muita frequência, tendo até sido internada cinco vezes, mas dona Rosa nunca era informada sobre a real doença da filha. “Quando ela adoencia, eu a levava sempre ao Hospital Central [ de Maputo] e na época os médicos diziam tratar-se de anemia. Passado algum tempo começou a ter dificuldades na fala e o seu crescimento era fora do padrão. Hoje, com 17 anos aparenta uma criança de 10”, lembra a mãe da adolescente, que conta ainda que a menina nunca teve contacto com a escola apesar de certa vez ter tentado inscrevê-la numa escola próxima. “Pediram que aguardasse, e nunca fui chamada. Acabei optando por deixá-la em casa, mas ainda sonho vê-la a estudar.”
Aos 17 anos, Joaninha passa o dia inteiro em casa a fazer algumas tarefas domésticas e a brincar com os amigos que a ensinam a contar. A mãe fala orgulhosa que a menina sabe contar até dez.
Maria José (14) tem uma história oposta à da Joaninha, pois, graças a persistência do pais ela frequenta a escola. Maria foi diagnosticada cegueira aos 3 anos. Depois de várias tentativas em inserí-la numa escola, apenas aos 10 anos foi aceite numa que a mãe, Ester Sithole – que nunca pensou em inscrevê-la numa escola especial – considera reunir condições para que a filha possa estudar em pé de igualdade com as outras crianças aparentemente sem nenhuma deficiência. “Acredito que o facto dela estar numa escola regular constitui vantagem porque não é diferente de outras crianças, só precisa de mais atenção e ela nunca reclamou de exclusão, muito pelo contrário, os colegas a apoiam sempre, também acredito que numa escola especial a evolução dela seria mais lenta”. Hoje, com 14 anos e a frequentar a quarta classe, Maria é uma das melhores alunas da turma e motivo de orgulho para os pais que garantem que apesar das dificuldades, continuarão a empreender o máximo de esforço para que a filha frequente a escola.
Confrontada sobre o caso das duas mães, a Chefe do Departamento de Educação Especial do MINEDH , Maria Luisa Manguana assegurou que todas as escolas são instruidas a receber os alunos com qualquer tipo de necessidade e orientadas a reportar aos Serviços Distritais da Educação, Juventude e Tecnologia e estes, por sua vez, à Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano para capacitar os professores a atender esses alunos.
Ao nível das comunidades rurais, vários factores contribuem para que as pessoas com necessidades educativas não frequentem a escola, entre elas superstição tal como afirma Nacima Figia, Especialista em Educação, na Save the Children International em Moçambique (SCiMoz) . “Geralmente, as famílias que têm uma pessoa com necessidades especiais alegam que a deficiência é decorrente de espiritos dos antepassados que não queriam o nascimento da criança ou a mãe não foi abençoada, e recomendam que a criança não seja aceite. Já nos deparamos com casos de pessoas presas em árvores ou dentro de casa, que recebem comida pela janela. Isso causa um indescritível sofrimento a essas pessoas”. Para reverter este cenário a SCiMoz levou a cabo um trabalho de sensibilização ao nível das comunidades sobre a existência de diversas doenças, no sentido de fazer perceber que não se trata de nenhum castigo ter uma criança especial, e que não razão de isolar essas pessoas.
O processo de ensino à criancas com NEE’s
Segundo o MINEDH, todas as escolas estão preparadas para atender alunos com NEEs, visto que no curso de formação inicial de professores existe a disciplina de psicopedagogia, na qual são abordados aspectos inerentes ao atendimento às NEEs, porém não na sua plenitute.
Alberto (nome fictício), professor da Escola Secundária Josina Machel, em Maputo, que tem algumas turmas especiais falou ao MediaFemme das dificuldades em dar aulas à alunos com NEEs, pois, ao que conta, os professores não recebem nenhuma formação específica para lidar com estes alunos.
“Aqui a maioria dos alunos com NEEs é surda e muda, e temos alguns com as duas deficiências. Mas temos também alunos com distúrbios mentais. Na primeira vez que tive contacto com eles não sabia nada da língua de sinais. Desta forma torna-se difícil o processo de ensino e aprendizagem”.
No entando, de acordo com Maria Luisa Manguane, desde 1998, alunos com NEEs são atendidas em escolas de referência como a Secundaria Josina Machel e os professores eram capacitados a atender à diversidade educacional na turma inclusiva, porém, por conveniência de serviço (transferência, para ocupação de posto de trabalho na mesma categoria por razões imperiosas e interess e público) ou reforma dos professores capacitados, estes quadros foram transferidos para outras escolas ou passaram a desempenhar outras funções. Entretanto, para inverter o cenário actual das escolas de referência, tendo como base a Escola Secundária Josina Machel, o Departamento de Educação Especial disponibilizou um técnico e um professor de Educação Especial que estão a trabalhar com alunos surdos e mudos da 8ª, 9ª e 10ª classe, 90 minutos por semana em cada classe, com vista à promoção do desenvolvimento do vocabulário da Língua de Sinais naquele nível de ensino.
A concordar com o professor Alberto, Eriqueta Tamela, professora da Escola Especial Cerci Maputo, que trabalha apenas com crianças com NEEs, com particularidade para doenças mentais considera haver necessidade de uma formação específica para lidar com essas crianças. “Infelizmente, as formações não abrangem muito a questão diferentes tipos de necessidades, só se fala que é deficiente. Os professores não estão habilitados a saber, por exemplo, o que é um autista, quais são as dificuldades, os sintomas que vão permitir saber se esta pessoa tem determinada necessidade, qual é a sua área de inclinação, tendo em conta a suas dificuldades” lamentou.
Nacima Figia, da SCiMoz, por sua vez, considera haver um esforço no que diz respeito à inclusão em Moçambique, pois sempre houve uma preocupação na integração na escolas a crianças com NEEs, no entanto, concorda que haja necessidade de mais atenção relativamente à preparação dos próprios professores, “Hoje em dia, nos currículos e também na formação há a observância da questão de NEEs, porém, em termos práticos existem limitações tais como não saber lidar com as crianças, pois isso requer, primeiramente, saber distiguir o tipo de necessidade que essa criança tem, bem como o facto dos professores não terem estratégias para gerir turmas numerosas e a falta de material didácticoˮ.
Turmas volumosas como um dos factores que dificultam a inclusão
O rácio aluno/professor em Moçambique (57 alunos por professor) continua acima da média do que é recomendado pela UNESCO que é de 40 alunos por professor, facto que os professores consideram um obstáculo à inclusão, pois, na sua opinião, pode trazer implicações como a fraca interação, bem como a insatisfação das necessidades académicas dos alunos, o que vem a contribuir para a fraca inclusão tal como afirma Eriqueta Tamele. “Por vezes não é a falta de preparo do professor, vejamos o caso de um professor para 50 alunos dos quais dois têm NEEs, a dado momento o professor fica frustrado porque está a passar uma informação que só um grupo está perceber e ele acaba se aliando ao maior grupo. Os outros ficam à deriva porque no final do ano têm que apresentar resultadosˮ, referiu Eriqueta, que considera que a pessoa com NEE’s tem que estar próximo ao professor para melhor controle, pois, nem sempre tem capacidade de aprender a ler e escrever, e nesse caso o professor deve procurar descobrir a inclinação do aluno e trabalhar neste ponto.
Estratégias com vista melhorar a inclusão no país
Para melhorar a qualidade do processo de inclusão em Moçambique, o MINEDH aprovou a estratégia de Educação Inclusiva e desenvolvimento das crianças com dificiência, (2012-16 que foi estendido para 2019), que contém cinco áreas de intervenção com vista promover um sistema educativo inclusivo, eficaz e eficiente que garanta que as pessoas adquiram competências requeridas a nível de conhecimentos, habilidades, gestão e atitudes que respondam às necessidades de desenvolvimento humano. Segundo a Chefe do Departamento de Educação Especial do MINEDH, Maria Luisa Manguane, para concretizar essa estratégia criou-se um grupo de implementação “este grupo visa harmonizar as respostas multissectoriais que irão envolver alguns ministérios como, Saúde, Acção Social, Trabalho, Emprego e Segurança Social, de modo que as crianças possam ir a escola e depois da sétima classe aprendam algo para se tornarem independentes”.
Para a articulação dessas iniciativas, conta-se com serviços promovidos e dinamizados por associações de/e para pessoas com deficiência e ONGs para uma completa inserção comunitária das práticas inclusivas. É o caso da Save The Children que trabalhou com o sector da saúde como forma de identificar crianças com NEE’s e ver que necessidade abrangia maior número de crianças, neste caso, a audição e visão. Foram capacitados professores e oferececidos materiais como máquinas braille em algumas escolas de Manica e Gaza.
Além do Ministério da Saúde, o projecto envolve o Ministério da Educação e o da Acção Social, no apoio e atendimento às crianças com vista a facilitação em termos de inserção e sensibilização dos professores no contexto escolar. O projecto surtiu efeitos positivos pois as famílias sensibilizadas levaram os filhos à escola. De referir que segundo o MINEDH existem no país 8 escolas especiais e 177 escolas primárias e secundárias inclusivas.
No entanto, além do preparo dos professores para lidarem com diferentes tipos de NEE’s, há uma necessidade de criação de um centro de avaliação das aptidões dessas crianças como forma de perceber se a criança tem condições de aprender numa escola regular ou deve estar numa escola especial.