Em Moçambique, a taxa de desemprego feminino é elevada de acordo com relatório “Progresso das Mulheres do Mundo 2015: Transformar Economias, Realizar Desejos”, produzido pela ONU Mulheres, a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade e emancipação das mulheres, que nota, 45% das mulheres entre os 20 e 49 anos estão desempregadas, contra 2,7% dos homens do mesmo intervalo etário desempregados. O estudo também verificou que, existe grande disparidade salarial: só 7% das mulheres moçambicanas ganha mais rendimentos que marido, 66,7% recebe menos e 18,1% o mesmo. Esta pode ser uma consequência da diferença no acesso à educação: 55% das mulheres moçambicanas não frequentaram a escola, contra 27,6% dos homens, 44,6% terminou o ensino primário, contra 67,1% dos homens, e só 0,4% com educação secundária ou superior, comparando com 4,1% dos homens.
A saída das mulheres face ao desemprego, é o empreendedorismo e o exemplo de sucesso como empreendedora, é Juscelina Guirengane, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e licenciada na área empresarial com especialização em Gestão Financeira e Tecnologias de Informação e Comunicação, pela Universidade de Kwazulu Natal, na África do Sul. Durante a fase estudantil, participou de vários programas extra-curriculares como a Conferência de Mulheres Jovens na área financeira, o que combinado ao facto de assistir vários programas sobre empreendedorismo e gestão de negócios como o “Aprendiz”, despertaram um grande interesse pela carreira empresarial. Depois de terminar a licenciatura, decidiu que não queria trabalhar para ninguém mas sim criar sua própria empresa.
Guirengane diz que estava movida por emoções e vislumbrada com a possibilidade de trabalhar para si mesma, fazer o que queria e gostava, e poder ficar rica. Foi quando em 2011 fundou a Sahane Consultoria e Serviços, uma empresa vocacionada para a prestação de serviços de formação e consultoria nas diversas áreas de gestão empresarial e de tecnologia.
A presidente da ANJE diz ter passado por muitas dificuldades no início da carreira de empresária “O caminho foi menos simples do que esperava, diria tortuoso. Fiquei meses sem conseguir nenhum trabalho, não conseguia se quer pagar o meu próprio salário, passei por muitas vergonhas e dificuldades para que pudesse acreditar que realmente era uma empresária”, disse.
Hoje, depois de muitas lutas, Juscelina Guirengane considera-se vencedora, pois está com vários outros projectos na área empresarial, e diz estar cada vez mais autoconfiante. Recentemente lançou a aplicação móvel de gestão financeira para micro e pequenos negócios “e-conta” também foi seleccionada pela ExxonMobil a participar nos EUA, do programa da Plan International, para desenvolvimento de negócios de mulheres.
Ainda não chegou onde pretende mas sente que está no caminho certo, não apenas para se tornar uma empresária de sucesso mas acima de tudo para, nesse processo, ajudar a milhões de jovens moçambicanos a começarem e desenvolverem os seus negócios, trabalho este, que tem desenvolvido como presidente da ANJE.
Esta Associação foi fundada em Fevereiro de 2010, é uma organização sem fins lucrativos, formada por cerca de 600 jovens empresários e iniciantes, dos 18 aos 35 anos de idade, cujo objectivo é promover o empresariado juvenil através da capacitação empresarial e advocacia por um ambiente de negócio favorável aos Jovens.