O índice de diagnóstico precoce do cancro do colo do útero pode desacelerar perigando a vida de mais mulheres devido ao cancelamento de exames de rastreio da doença nas unidades sanitárias, como uma das medidas de controlo da propagação do novo coronavírus, uma doença letal de rápido contágio que assola o mundo desde Dezembro passado.
Moçambique apresenta o índice mais elevado (72%) de prontidão nos serviços de rastreio do cancro do colo do útero, de acordo com o Inventário Nacional sobre a disponibilidade de Infraestruturas, Recursos e Serviços de Saúde designado SARA2018: Inventário Nacional consultado pelo Media Femme.
Depois do registo dos primeiros casos da COVID-19 no país, o Ministério da Saúde anunciou um conjunto de medidas restritivas para conter a propagação do vírus dentre as quais o cancelamento de consultas externas. No entanto, aos doentes crónicos que precisem de acompanhamento permanente bem como outros serviços de urgências abriu-se um excepção..
Entretanto o Media Femme Constatou em algumas unidades sanitárias da Cidade de Maputo (Hospital Central de Maputo e José Macamo) que está igualmente suspensa a realização do exame do rastreio do cancro do colo do útero, uma das doenças mais mortíferas para as mulheres no mundo e no país.
Profissionais da saúde com os quais interagimos no local avançaram sem datas a possibilidade de retoma do serviço ainda no final deste mês.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) o cancro do colo do útero é responsável por mais de 250 mil mortes de mulheres por ano a nível mundial. A contribuição de Moçambique nestas estatísticas é de cerca de 3000 mortes só em 2018 segundo dados disponíveis do Ministério da Saúde (MISAU).
O rastreamento do cancro do colo do útero tem a finalidade de identificar indivíduos com sinais anormais que sugerem a existência de um câncer ou pré-câncer que não tenha desenvolvido nenhum sintoma e encaminhá-los em tempo útil ao diagnóstico e tratamento.
Ainda segundo a OMS, o diagnóstico precoce do cancro do colo do útero oferece uma garantia de cura em 80%, sendo recomendável a partir dos 40 anos de idade exames de rastreio da doença.
Moçambique só iniciou um programa concreto de prevenção e tratamento do cancro em 2010 com menos de 22 unidades sanitárias equipadas, até 2019 o número havia aumentado para mais de 400 unidades com extensão para algumas zonas remotas.
Ainda no ano passado foi lançado um Plano Nacional de controle do Cancro 2019-2029 com metas a curto prazo (três anos), médio prazo (5 anos) e longo prazo (10 anos). O plano contempla igualmente a extensão da rede de unidades sanitárias de diagnóstico do cancro no país de 400 para 800.
Por Esmeralda Livele